Entenda os motivos para essa tendência
Você deve ter notado que diversas marcas estão mudando seus designs para imagens mais simplificadas. São inúmeros os exemplos nos últimos tempos, como Burger King, Pringles, Itaú, Mastercard ou até a mais recente, Boca Rosa, que trazem consigo calorosas discussões para os consumidores, que dividem opiniões sobre as novas identidades de suas marcas queridas. Enquanto alguns gostam e se adaptam bem ao novo design, outros apontam que os novos visuais parecem mais preguiçosos à medida que se simplificam, levantando a questão de: “por que as marcas estão fazendo isso?”.
A verdade é que não existe uma resposta exata para essa pergunta. Entretanto, existem diversos fatores que podem motivar um rebranding (ou debranding, como muitos chamam essa onda de simplificação de marcas), baseados por tendências e razões lógicas, e que são capazes de fazer até mesmo marcas consagradas entrarem nessa onda.
Fonte: Abdi Slick , via Giphy
Quanto mais simples, mais fácil é pra lembrar
Toda marca precisa de branding, um conjunto de elementos, dentre eles as logos, que caracterizam e remetem a marca ao serem vistos. É por meio do branding que a sua marca pode ser percebida e lembrada no mercado. Entretanto, nem toda marca é uma Coca-Cola ou McDonald´s, que podem ser reconhecidas só com parte de seus logos ou por suas cores características. Ao contrário dessas, muitas marcas encontram dificuldades em serem lembradas e é por isso que a necessidade do rebranding, muitas vezes, emerge.
Uma das hipóteses para a simplificação de logos parte de um princípio de reprodutibilidade, ou seja, da capacidade das imagens serem reproduzíveis no imaginário popular. Nesse sentido, o grande público pode esquecer mais facilmente logos com gradientes, sombras e formas mais complexas. Por isso, uma das alternativas encontradas é justamente simplificar, optando por formas mais simples, cores mais chapadas e se utilizando de tipografias mais ergonômicas e confortáveis para os olhos. Assim, conclui-se que quanto mais simples, mais fácil é para lembrar!
Essa é uma razão que faz bastante sentido, principalmente dado o grande fluxo de imagens com as quais somos bombardeados ao acessar nossos smartphones todos os dias. Com muitas informações competindo por um pedacinho da nossa atenção, aquelas que exigirem menos da nossa capacidade cerebral para serem interpretadas nos marcarão mais facilmente.
Seu logo comunica
Como explicado, os logos remetem não só à marca, mas aos seus valores e produtos também. Cada logo vai ser marcado por aquilo que a marca representa no imaginário popular e vai automaticamente remeter a isso ao ser visto ou lembrado. Mas o que acontece se a marca deseja mudar a forma como é vista? Bom, em muitos casos, o logo também passará por mudanças!
Existem dois casos de rebranding recentes que dividiram opiniões na internet, mas que exemplificam muito bem essa pretensão por uma mudança de imagem, são eles: Burger King e Kia.
Fonte: Burger King, via CNN Brasil
Quanto à rede de lanchonetes americana, a mudança veio estimulada por uma crise. Nos Estados Unidos, a marca foi, durante décadas, a segunda rede de hambúrgueres que mais vendia no país, atrás somente do concorrente McDonald's. Todavia, em 2020, perdeu sua posição para a rede Wendy’s. Isso ocorreu pois diversos americanos alegavam que as franquias da marca eram velhas e desatualizadas, os cardápios muito complexos e seus processos muito demorados. Portanto, para mudar essa imagem, o Burguer King passou a fazer mudanças em suas franquias, mas para se livrar de vez da imagem negativa, era necessário mudar também seu logo.
Assim, a nova identidade surgiu com a proposta de ser algo mais moderno, para salientar seus restaurantes agora atualizados. Além disso, o novo logo marca a simplificação dos seus processos, e o símbolo do hambúrguer remete ao produto líder de vendas da marca, o Whopper, para descomplicar o cardápio e a escolha do consumidor. Por fim, o novo logo faz uma alusão a uma versão antiga que a marca já utilizou, de forma a representar o novo valor de sustentabilidade da marca (justamente reciclando algo que já possuíam).
Fonte: Kia, via Maia propaganda
Já para a Kia, vemos um motivador diferente: subir de patamar no imaginário popular.
Convenhamos que o logo antigo já não era muito complexo, porém a mudança veio para desvincular a percepção antiga da fabricante automobilística e atribuí-la uma mais valiosa. O logo antigo existia desde 1994, ano em que a marca coreana entrou no mercado americano e, nessa época, a Kia era vista como uma marca de carros simples, baratos e com bom custo-benefício, mas nada luxuoso ou tecnológico. Porém, com o passar dos anos, a Kia investiu muito na tecnologia e melhora de seus carros, além da fabricação de muitos modelos elétricos, sendo a imagem de seus produtos não mais condizente com a que o logo transmitia.
Dessa forma, a marca buscou um novo design que a afastasse de concorrentes como Toyota, Ford ou Honda, para que pudesse se aproximar mais do visual de marcas modernas como a Tesla, para posicionar-se em um novo nicho de carros de maior qualidade e valor. Assim, abandonou a elipse e o vermelho amigável para dar espaço a cores neutras e uma tipografia mais reta e moderna, se aproximando claramente do estilo de empresas de tecnologia.
Ambos os casos, portanto, nos provam como o logo de uma marca evoca valores e um imaginário, sendo a mudança bem-vinda quando se deseja mudar esses fatores.
É preciso ser versátil
Outra das razões para a simplificação se dá pela ascensão dos smartphones e dos aplicativos mobile. Conforme a transição dos computadores para os celulares ocorreu, as telas foram reduzindo drasticamente. Com isso, os tamanhos dos logos também precisaram se adaptar para melhor encaixar no novo formato.
Assim, para que logos coubessem nos pequenos quadrados de bordas arredondadas dos aplicativos e outros espaços reduzidos na tela do celular, muitos precisaram ser simplificados. Verificou-se que gradientes e formas mais complexas não se adaptam bem em logos, quando reduzidos às proporções da tela, devido à grande compressão de pixels necessária para serem exibidos em um espaço tão pequeno. Dessa forma, o minimalismo surge como uma alternativa segura, com cores chapadas e formas simples, à visualização desses de forma clara e facilitada.
Além disso, logos minimalistas também são altamente versáteis não só para os meios mobile, mas se aplicam e tem boa legibilidade para praticamente qualquer aplicação digital ou impressa da marca, de forma a torná-la marcante e de fácil reconhecimento em qualquer caso.
É uma tendência natural
Mesmo o minimalismo chamando bastante atenção para a mudança do visual das marcas, o rebranding não é algo novo. Apesar de passar muitas vezes despercebido, diversas marcas realizam vários rebrandings ao longo de sua existência, principalmente para adequar-se a tendências. O design, assim como a moda, também apresenta correntes visuais que conquistam ascensão de tempos em tempos. Se você prestar atenção ao seu redor, verá que o minimalismo não é marcante só nas logos, mas nas roupas também, com predomínio de tons neutros e pastéis, além de combinações mais simplistas. Desse modo, diversos setores estão aderindo ao movimento e, com isso, muitas identidades visuais estão sendo mudadas, assim como já foram extensamente alteradas ao longo dos anos.
Analise a evolução do logo da Apple:
Fonte: Nick Di Lallo via Cultofmac
Apesar da forma não ter tido grandes mudanças desde 1977, é clara a adaptação da Apple com o tempo para se adaptar às tendências. Entre 2001 e 2007, percebe-se a inspiração na estética dominante na tecnologia da época, apelidada de Frutiger Aero, a qual apostava muito em visuais reluzentes, com formas polidas, brilhos e cores mais vibrantes e claras. Essa foi uma tendência bastante forte nos primeiros iPhones, utilizada para facilitar o entendimento do funcionamento das ferramentas do smartphone para os usuários, já que a estética se apropriou muito do esqueumorfismo (princípio de design que remete a elementos dos objetos originais dos quais se derivam).
Fonte: Gadget Love, via GIPHY
Ao observar como era a interface antiga dos aplicativos do IPhone, fica claro como a tendência do Frutiger Aero ocorria, nos era comum e nem percebíamos que fazia parte de uma moda passageira.
Com o passar do tempo, essa moda foi deixada de lado e a simplicidade foi tomando o lugar dominante que ocupa hoje, refletindo no logo da Apple também. Assim, percebe-se que rebrandings são comuns na história das marcas, adaptando-as à linguagem visual predominante no seu nicho de mercado. Além disso, esse é um processo natural e necessário, por mais que possa perturbar os olhares desacostumados, ele evita que as marcas sejam vistas como bregas ou desatualizadas.
Fonte: The Telegraph, via GIPHY
E agora? Devo fazer um rebranding da minha marca também?
Como explicado no início, não existe uma resposta exata! Cada marca ocupa um cenário único e comunica características diferentes. Realizar um rebranding, portanto, vai muito além de simplesmente querer se adequar à moda. É preciso entender realmente qual a posição da sua marca no imaginário do consumidor e o que se aspira atingir antes de avaliar uma mudança.
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Esse artigo foi escrito por Pedro Luca, nosso
estagiário de Design que escolhe produtos
no mercado pela embalagem mais bonita.
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