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Das TVs para a internet - A atual realidade dos realities

Foto do escritor: Renato MarchettoRenato Marchetto

O Brasil ainda está vendo?


Desde as suas primeiras aparições nas televisões brasileiras, os realitys shows são percebidos como grandes sinônimos de sucesso. A verdade é que o interesse pela vida alheia (e por uma boa fofoca) faz parte da natureza social do ser humano e, quando se trata de entretenimento, uma realidade bem produzida desbanca qualquer ficção meia-boca. 


Contudo, assim como acontece com quase tudo na comunicação, para se manterem relevantes e comercialmente viáveis, os realitys passaram por diversas mudanças em seus formatos, públicos e tendências. Neste artigo, vamos entender como essa transformação ocorreu e como os realitys se adaptaram à atual realidade da comunicação e do entretenimento no Brasil. Vem dar uma espiadinha!


Dos primórdio à consolidação do formato


Foi no início dos anos 2000 que os primeiros formatos começaram a dar as caras nas telas brasileiras. O programa considerado o primeiro reality show da TV brasileira foi o “20 e Poucos Anos”, exibido pela MTV Brasil. A emissora jovem foi a primeira a apostar em realitys no país. O programa, que fez parte de uma das melhores eras da MTV Brasil, mostrava a vida de 8 jovens adultos dividindo um mesmo apartamento. Ele teve 3 temporadas exibidas no segundo semestre de 2000. Outra vanguardista do formato foi a Rede Globo que, também no ano de 2000, se aventurava pelos realitys de sobrevivência extrema com o lançamento do “No Limite”


Contudo, o programa que elevou o formato a um novo patamar foi o “Big Brother Brasil”. O "BBB” foi uma resposta da Rede Globo à “Casa dos Artistas”, sucesso do seu concorrente, SBT. Logo nos primeiros episódios da sua primeira temporada, o formato importado da neerlandesa Endemol se provou um grande sucesso, alcançando 49 pontos de audiência no Ibope na exibição do primeiro programa e 53 pontos na exibição do segundo. O recorde de audiência ficou reservado para a grande final da primeira temporada, com impressionantes 59 pontos.


GIF de passista sambando no sambódromo com fantasia de penas rosas

O segredo para tanto sucesso vem muito de seu formato. 20 pessoas confinadas por 100 dias em uma casa, tendo que conviver pacificamente (ou não), sem conhecer nenhum dos outros participantes, sem opções de entretenimento, com eliminações semanais e dinâmicas que incentivam a rivalidade entre os participantes. O prêmio para quem vencer? Além da fama proveniente da aparição em rede nacional, a premiação em dinheiro era de R$500 mil - que nas edições atuais já se tornaram cerca de R$3 milhões. Uma receita perfeita para que as fofocas, tramoias, brigas e, só às vezes, as amizades construam um programa de muito entretenimento para os seus telespectadores. A demonstração mais pura de humanidade proporcionada pelos participantes traz ao espectador uma identificação difícil de ser alcançada em obras de ficção.


A partir do Big Brother, a caixa de pandora dos realitys brasileiros foi aberta. Além da Globo e do SBT, com o já citado e precursor Casa dos Artistas, outras emissoras começaram a investir em programas do gênero que também se afirmaram como grandes sucessos da TV aberta brasileira. Entre os nomes mais consolidados e de propagação nacional estão “A Fazenda”, da Record, e o “Masterchef Brasil”, da Bandeirantes. Em janeiro de 2025, o Big Brother Brasil completou 23 anos de exibição e chega a sua 25º temporada. A Fazenda, por sua vez, com 16 temporadas, completa 16 anos. Já o Masterchef Brasil, em seus 12 anos de exibição, vai para a 12º temporada de seu formato mais clássico. Essa presença constante na grade das maiores emissoras é um reflexo evidente do sucesso comercial e de audiência dos programas.


O êxodo das TVs para a internet

Mas chega de nostalgia. E hoje, os realitys ainda fazem sucesso? 


Recentemente, viralizaram notícias sobre as decepcionantes audiências da Fazenda, do Masterchef e do próprio BBB, em comparação com os seus respectivos históricos. Em suas últimas edições, tanto o programa da Record quanto o da Band amarguraram a pior média de audiência de suas histórias. Mesmo mantendo uma média respeitável, em sua edição de 2025, o Big Brother segue o exemplo de seus concorrentes e também se encaminha para o seu pior histórico, perdendo cerca de 20% de audiência em relação à sua edição passada. Seria isso o sinal de uma possível crise? A TV aberta já não é mais a mesma? É o fim dos realitys?



Calma, caro telespectador, nem tudo é motivo para desespero. É evidente que uma audiência baixa é motivo de preocupação entre os diretores das grandes emissoras e, obviamente, entres os anunciantes presentes nos programas. Contudo, também é de conhecimento destes players que a realidade atual não é a mesma de 20 anos atrás. A internet transformou os padrões de consumo de entretenimento e os realitys não são uma exceção a isso, o momento destes programas está cada vez mais integrado à internet. Uma parte do público migrou dos aparelhos televisivos e está presente nos celulares, computadores e notebooks. Por lá, a relação funciona como uma via de mão dupla, os realitys pautam o assunto das redes e elas, por sua vez, têm seus usuários como uma fonte inesgotável de conteúdos sobre o programa que retornam como pauta (e às vezes até como feedback) para o próprio reality.


Em sua edição atual, durante o período de exibição do programa, o BBB é responsável em média por 7 dos 10 tópicos mais comentados no X/Twitter brasileiro. Além da presença constante na ex-rede do passarinho azul, o programa rende cortes, edits e memes que com frequência aparecem nos reels do Instagram e no TikTok. O Masterchef também é exemplo da integração entre a TV e a internet. Além da sua exibição ao vivo na Band, e do seu forte engajamento nas redes, o programa também é disponibilizado no streaming através do Youtube e do HBO Max, plataformas onde ele alcança milhões de visualizações. O sucesso reflete nas cotas de patrocínio e na quantidade de anunciantes de ambos os programas, que aumentam a cada edição. 


E o futuro? Vem aí a nova geração


Tal qual uma espécie em evolução, para sobreviver em um mercado em que a atenção do consumidor está cada vez mais escassa, os realitys precisaram se adaptar ao novo. Mais do que isso, os novos formatos já nascem com a mira em novas estratégias para o digital, com diferentes conceitos, e destinados a nichos específicos. São programas que não buscam apenas e necessariamente a audiência imediata, mas sim o desdobramento de seu conteúdo. Além das visualizações, o objetivo é o corte, o react, o tweet, o comentário, o engajamento… 


Alguns exemplos dessa nova leva podem ser encontrados diretamente nos serviços de streaming. Um viral recente que furou a bolha do gênero nasceu no reality de relacionamentos “Ilha da Tentação”, exibido no Brasil pela Amazon Prime. Se você está presente nas redes sociais, certamente você se deparou com a cena de Montoya, um dos participantes do programa, reagindo a sua companheira o traindo com outro homem. O caso ocorreu na edição espanhola do programa, mas a sua versão brasileira também está fazendo sucesso nas terras tupiniquins.



Qual a lição aqui?


O caso dos reality shows exemplifica um pensamento que precisa ser constante na mente dos bons comunicadores: mesmo formatos consagrados precisam se adaptar ao novo. Assim como tudo na vida, a comunicação evolui e ter uma estratégia atualizada e integrada ao que está acontecendo no presente é o segredo para o sucesso.



Pipoca ou camarote, eu tenho certeza que você tirou insights valiosos com o exemplo dos realitys. Que tal colocar essas ideias em prática e tornar a sua marca a líder? Fale com a Sabujo, e tenha uma comunicação estratégica e atualizada para o seu negócio! 


Mulher branca com cabelos cacheados escuros sorrindo com uma tiara de carnaval de estrelas na cabeça e camisa de nuvens

Este artigo foi escrito por Renato Marchetto, sommelier de reality shows de qualidade questionável, apreciador de uma boa treta, e audiovisual da Sabujo nas horas vagas.


 
 
 

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